A Morte do DMA — Minha Visão como Dev

Análise técnica sobre o fim da era do DMA tradicional e as novas tecnologias de detecção implementadas pelos anticheats modernos.

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Pammaj

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Pammaj

Software Developer

Escrevo este artigo porque estou cansado de ver comunidades de DMA vendendo sonhos e ilusões. Sou desenvolvedor na área de game hacking desde 2016 e já vi diversas ondas de tecnologias surgirem e morrerem.

Com o tempo, a popularização do DMA cresceu demais e muitas pessoas passaram a acreditar que esse método era “100% seguro”. Como desenvolvedor de P2C, quero deixar claro: não é bem assim.

O DMA no Passado

No passado, o único vetor de detecção para DMA era o firmware. Se ele fosse bem feito, passava por qualquer anticheat.

A grande vantagem do DMA estava em escapar das análises manuais de memory dump — quando o anticheat varre todo o computador, registra tudo que foi feito e acessado, e analisa esses dados depois.

É justamente nesse ponto que a maioria dos cheats em nível de kernel cai. Mesmo que passem no anticheat em tempo real, um dump manual pode expor todo o funcionamento. Além disso, verificações de EPT/NPT também eliminam muitos projetos.

Vantagem do DMA: O DMA lia a memória física diretamente, sem restrições, ficando imune a esse tipo de análise.

Durante anos, os anticheats permaneceram “confortáveis” com essa situação, já que poucos tinham um firmware realmente decente. Se apenas 1% da base de jogadores usasse, não era um problema. O problema surgia quando essa base crescia demais.

A Chegada do HPTT/Heino2

Foi nesse cenário que surgiu o HPTT/Heino2, representando um desafio real: um dispositivo impossível de detectar, porque é literalmente um hardware legítimo.

O mercado asiático passou a adotar em grande escala — onde a cena de cheating é muito mais ativa — e isso se espalhou rapidamente.

Ponto de virada: Esse movimento forçou empresas como ACE/Tencent (e possivelmente Microsoft, Intel e AMD) a cooperarem. Em poucos meses, surgiu uma tecnologia inovadora que combina virtualização com VT-d/IOMMU.

O que muda na prática

Antes: O IOMMU não era configurado de forma restritiva e, na prática, qualquer dispositivo podia ler regiões amplas de memória física sem controle granular.

Agora: Com o novo modelo de implementação, cada dispositivo recebe um range de memória específico que pode acessar — e nada além disso.

Implicações técnicas

  • Um USB hub, placa de rede ou outro periférico não tem mais permissão para acessar áreas onde está a memória do jogo
  • Qualquer tentativa de leitura fora do intervalo permitido é registrada pelo sistema
  • Esses registros (métricas) permitem identificar rapidamente dispositivos que se comportam de forma anômala

Parte técnica — Como funciona

🔧 Implementação Técnica

Não se trata apenas de uma tradução ou realocação de CR3.

O IOMMU (Intel VT-d) intercepta as requisições de leitura/escrita de memória feitas por dispositivos DMA.

Processo de detecção

  1. Análise da DMAR table — Esse funcionamento pode ser comprovado analisando a DMAR table
  2. Contador de exceções — Quando um dispositivo DMA tenta acessar uma região fora do range permitido, um contador é incrementado
  3. Interpretação — Isso pode ser interpretado como uso de DMA para trapaça

CR3 Encryption

O CR3 encryption entra apenas como suporte a esse esquema, permitindo modificar temporariamente a page table do jogo para monitorar acessos via DMA.

Performance: Atualmente, eles não trocam a tabela de páginas em tempo real, pois isso impactaria muito o desempenho do sistema.

Dependências e Limitações

Esse método de detecção depende de um conjunto de tecnologias combinadas:

Intel

  • VT-x ativado
  • VT-d ativado

AMD

  • SVM ativado
  • IOMMU ativado
Limitação importante: Se alguma dessas opções estiver desativada, o método de detecção se torna ineficaz. Por isso, para o uso profissional de DMA, ainda é possível se manter undetected caso o anticheat não exija esses recursos.

Isso é o fim?

Não é correto dizer que isso representa o “fim” absoluto do DMA, mas sem dúvida é um grande problema.

Ainda existem formas de contornar:

  • Bootkits EFI para emular o VT-d e inserir o dispositivo na whitelist
  • Módulos SMM carregados para manipular o IOMMU
  • Modificação de BIOS para ajustar o comportamento de mapeamento
  • DMA no pré-boot para emular o próprio VT-d e configurar permissões antes do sistema iniciar
Realidade: A leitura direta padrão do DMA está, sim, chegando ao fim, mas isso significa que os desenvolvedores terão que se reinventar.

Conclusão

O novo modelo de uso do IOMMU representa um avanço significativo no bloqueio de métodos baseados em DMA.

Pontos principais:

  • O método tradicional de leitura direta de memória via DMA está morrendo
  • O hardware DMA em si continuará existindo
  • O jogo mudou — e a adaptação será obrigatória para quem quiser continuar nessa área

💡 Reflexão Final

Como sempre acontece na área de segurança, é um jogo de gato e rato. Novas tecnologias de proteção surgem, e novos métodos de bypass são desenvolvidos. A diferença agora é que o nível de complexidade aumentou significativamente.